PECADO 9 – MODERNIZAMOS OS TRADICIONALISTAS

Quando até os céticos se apaixonaram
Há um momento que nos marcou para sempre. Foi quando nos contaram que um padre – sim, um padre de batina e tudo – abordou-a depois da missa e perguntou: “Onde é que compraste aquele santo cor-de-rosa?”
Ficámos sem palavras. Não porque fosse estranho que ele gostasse. Mas porque, durante anos, tínhamos assumido que as pessoas mais tradicionais nunca aceitariam o que estávamos a fazer.
“Os guardiões da tradição vão odiar isto.”
“Os tradicionalistas nunca vão entender.”
“Para essa geração, isto é um sacrilégio.”
Estávamos completamente errados.

Conseguimos o impossível
Nos últimos dez anos, fizemos algo que parecia impossível: converter os inconvertíveis. Fizemos os guardiões da tradição apaixonarem-se pelo design. Fizemos avós tradicionalistas admitirem que as peças coloridas são mais bonitas. Fizemos padres perguntarem onde comprar.
Como?
Não foi convencendo-os com argumentos. Foi mostrando-lhes beleza tão inegável que até o coração mais cético se rendeu.

Quando a tua avó admite
Imagina a cena: cresceste com a tua avó, aquela figura de fé inabalável. A casa dela tinha santos há cinquenta anos. Cada um com a sua história, cada um no seu lugar sagrado. Intocáveis. Imutáveis.
E um dia levas um santo da Treze – digamos, um Santo António vermelho – laranja.
Ela olha. Franze o sobrolho. Tu preparas-te para a crítica.
E então ela diz: “Sabes que… isto é mais bonito que os meus.”
Esse momento. Esse momento exacto em que a tradição reconhece que pode haver evolução sem traição. Que pode haver beleza nova sem desrespeito pela antiga. Que pode haver cor sem perda de fé.
Esse momento vale dez anos de trabalho.

O design como linguagem universal
Descobrimos algo fascinante: beleza verdadeira transcende gerações. Transcende crenças sobre como as coisas “devem” ser. Transcende até o medo de mudar.
Quando algo é genuinamente bem feito – proporções harmoniosas, cores vibrantes mas equilibradas, materiais de qualidade – até os mais tradicionalistas reconhecem. Talvez não admitam imediatamente. Mas reconhecem.
O design tornou-se a nossa linguagem comum. A ponte entre “como sempre foi” e “como pode ser”. O tradutor entre tradição e inovação.

Honrar sem repetir
O que eles perceberam – e nós provamos – é que é possível honrar a fé dos nossos antepassados e ainda assim criar algo novo, fresco, irresistível.
Honrar não é fazer fotocópias. Não é repetir exatamente o que já foi feito. Honrar é pegar na essência – a devoção, a fé, o respeito – e trazê-la para o presente de forma relevante.
Os santos continuam sendo santos. As orações continuam sendo orações. A fé continua sendo fé.
Mas agora vive em cores que falam à tua geração. Em formas que cabem na tua casa contemporânea. Em objectos que te fazem sorrir, não apenas rezar.

A resistência inicial
Claro que houve resistência inicial. Muita.
“Isto não é sério.”
“Estão a brincar com coisas sagradas.”
“Nossa Senhora de Fátima não era amarela!”
(A estes últimos argumentos, respondíamos sempre: “E nem todos falam português, mas isso não te impede de rezar para ele na tua língua.”)
Mas aqui está o que aconteceu: essas mesmas pessoas que criticavam, quando finalmente seguravam uma peça nas mãos, mudavam. Sentiam o peso, a qualidade, o cuidado. Viam de perto o acabamento, a atenção ao detalhe.
E percebiam: isto não é falta de respeito. É respeito activo. É levar a tradição tão a sério que se investe em fazê-la evoluir.

Tradição renovada
O que criámos não foi uma rejeição da tradição. Foi uma renovação dela.
Pegámos em ícones com séculos de história e demos-lhes uma nova vida. Não porque a antiga estava “errada”. Mas porque cada geração merece ter acesso à fé de uma forma que ressoe com ela.
Os teus avós tinham os santos deles. Tu tens os teus. E ambos são válidos. Ambos são respeitáveis. Ambos carregam fé verdadeira.
A diferença? Os teus talvez façam o teu coração acelerar de uma forma que os deles não faziam. E está tudo bem.

Para católicos sem medo de evolução
Dez anos depois, os resultados falam por si:
Padres que têm os nossos santos nos seus escritórios.
Avós que pedem aos netos “mais um daqueles coloridos”.
Tradicionalistas que começaram céticos e agora são os nossos maiores defensores.
Provamos que se pode honrar a fé dos nossos antepassados e ainda assim criar algo novo, fresco, irresistível. Que tradição e inovação não são inimigas – são parceiras na construção de algo maior.
Tradição renovada para católicos sem medo de evolução. Para quem entende que respeitar o passado não significa ficar preso nele. Para quem sabe que a melhor forma de honrar os antepassados é levar a sua fé para o futuro – com coragem, com beleza, com cor.
Evolui a tradição – sem perder as raízes.

Treze – Uma década a pecar em cores.


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