PECADO 3 – DESAFIÁMOS SÉCULOS DE TRADIÇÃO
Quando a cor entrou na casa da fé
Cresceste a ver santos desbotados na casa dos teus avós. Lembras-te perfeitamente: aqueles quartos com cheiro a cera de vela, a luz ténue que entrava pela janela, as orações murmuradas em voz baixa. A fé dos nossos avós tinha uma paleta cromática muito específica – tons sépia, dourados desgastados, brancos amarelecidos pelo tempo.
Era bonito. Era respeitável. Mas era também… silencioso. Como se a espiritualidade precisasse de viver em surdina, guardada para momentos solenes, protegida do mundo lá fora.
O peso invisível da tradição
Durante gerações, fomos ensinados que o sagrado exige sobriedade. Que a devoção se manifesta em tons neutros. Que a fé verdadeira não precisa – não deve – chamar a atenção.
Mas alguma coisa em ti sempre soube que havia mais. Mais cor, mais vida, mais alegria. A tua espiritualidade não cabia naquelas caixas escuras, não se sentia confortável apenas nos cantos sombrios da casa.
E nós percebemos isso.
A coragem de trazer luz
Quando decidimos criar os primeiros santos em cores vibrantes, ouvimos de tudo:
“Isso não é apropriado.”
“Os santos não são brinquedos.”
“A tradição existe por uma razão.”
Mas nós perguntámo-nos: que tradição, exactamente? A tradição de esconder a fé? De a tornar inacessível às gerações mais jovens? De criar uma barreira entre o sagrado e o quotidiano?
Ou será que podíamos honrar uma tradição mais antiga – a das catedrais medievais repletas de vitrais coloridos, dos retábulos barrocos dourados e vermelhos, dos azulejos portugueses que contam histórias sagradas em azul e branco?
Entre gerações: uma ponte feita de cores
A verdade é que não queríamos destruir nada. Queríamos construir uma ponte.
Uma ponte entre a fé silenciosa dos nossos avós e a espiritualidade expressiva das novas gerações. Entre o respeito pela tradição e a necessidade de evolução. Entre o preto-e-branco do passado e o arco-íris do futuro.
Os nossos avós rezavam com o coração – disso não há dúvida. Mas talvez sonhassem, secretamente, com mais cor nas suas vidas. Talvez olhassem para aqueles santos sérios e desejassem que eles reflectissem também a alegria da fé, e não apenas o seu peso.
Nós trouxemos de volta as cores que eles sonharam mas nunca ousaram criar.
Tradição que respira
Hoje, quando colocas um santo cor-de-rosa na tua estante ou um Santo António azul turquesa na tua secretária, não estás a rejeitar a fé dos teus antepassados. Estás a fazê-la respirar. A dar-lhe espaço para crescer, para se adaptar, para falar a linguagem de hoje sem esquecer as orações de ontem.
Porque honrar não é repetir mecanicamente.
Honrar é fazer crescer.
Honrar é trazer para o presente, com respeito mas sem medo.
Honrar é dizer: “Isto era importante para vocês, e continua importante para mim – mas à minha maneira.”
O que os nossos avós diriam?
Gostamos de pensar que, se os nossos avós vissem estas peças hoje, sorririam. Talvez ficassem surpreendidos no início – “Mas isto é um santo azul-turquesa!” – mas depois perceberiam.
Perceberiam que aquela Nossa Senhora cor-de-rosa na tua casa é rezada com o mesmo amor que eles colocavam nas suas orações. Que aquele Santo António cor de laranja te protege com a mesma devoção. Que a cor não diminui a fé – amplifica-a, torna-a visível, celebra-a.
Tradição que dança
Dez anos depois de começarmos a pecar em cores, sabemos que fizemos a escolha certa.
Não matámos a tradição – demos-lhe música para dançar.
Não esquecemos o passado – criámos um futuro que o honra.
Não rejeitámos a fé dos nossos avós – convidámo-la para uma festa.
E tu, que queres honrar de onde vens mas não ficar preso ao que foi, tens agora esse espaço. Um espaço onde a tradição não é uma gaiola, mas sim asas. Onde o passado e o futuro se encontram numa explosão de cor.
Porque tradição que não evolui, morre.
E tradição que dança, que respira, que se reinventa?
Essa é eterna.
Cria a tua própria ponte entre gerações – descobre a coleção.
Treze – Uma década a pecar em cores.






