Como podemos e devemos treinar o nosso coração para podermos amar mais os outros? – por Soraia Sequeira

Quando pensamos no coração, qual é a primeira imagem que desfila na nossa mente? Um coração feliz? Sorridente? Ternurento? Amoroso? Romântico? Expansivo? Confiante? Ou, pelo contrário, um coração quebrado? Inseguro? Contorcido? Doente?

Soraia Sequeira – Heart Coach
Encontrei, sobre o coração, a seguinte afirmação: ‘A única função do coração é bombear sangue.’ Fiquei espantada, confesso, por ver o coração ser tratado de forma exclusivamente funcional. Sim, nós sabemos que o lado direito do coração bombeia o sangue para os pulmões, onde o oxigénio é adicionado ao sangue e o dióxido de carbono é eliminado; e que o lado esquerdo do coração bombeia o sangue para o resto do corpo, onde o oxigénio e os nutrientes são fornecidos para os tecidos e, os resíduos (como dióxido de carbono), são transferidos para o sangue onde serão removidos por outros órgãos (como os pulmões e os rins).

Mas será que é disto que queremos saber, quando pensamos em como podemos treinar o nosso coração para podermos amarmo-nos mais a nós e aos outros?

Esta pergunta é uma pergunta à qual não conseguimos, ou não deveríamos, responder de forma imediata, impulsiva, leviana. O coração tem uma inteligência muito própria e merece toda a nossa sensibilidade.

O coração, que é comandado pelo nosso sistema nervoso autónomo, está intrinsecamente ligado à esfera emocional e sentimental. É extremamente importante estarmos bem atentos ao nosso coração pois a maioria dos problemas oriundos do coração são emoções reprimidas, emoções não vividas, emoções rejeitadas. Segundo o autor Luís Martins Simões, os problemas de coração, sejam eles arritmias, anginas de peito, enfartes ou problemas de comunicação entre aurículas revelam um comportamento inadequado e grande necessidade de poder. Aconselho vivamente a leitura do seu livro “O teu corpo não mente” (https://luismartinssimoes.com/books/pt_otcnm)

Devemos treinar o coração? 
Sendo que o miocárdio é composto por um tecido muscular especial, também este treino deve ser especial. O coração está preparado para amar incondicionalmente, a mente nem por isso. A mente permite-se influenciar pelas crenças desenvolvidas, em legítima defesa do nosso coração, e, essas mesmas crenças, vão enviar – muitas vezes – informação errada ao órgão que tem esta linguagem invisível mas que sente, a cada pulsar.

Para saber amar mais e melhor os outros eu devo começar por me saber amar mais a mim próprio, não é numa perspetiva egoísta, autocentrada, narcisista, pois amar e saber amar-me implica saber amar as minhas sombras, e é esta fase da jornada que retrai muitas pessoas. Aceitar as minhas raízes, sem vergonha. Aceitar as minhas fragilidades. Aceitar que não tenho, nem terei, todas as competências, mas que as que possuo eu coloco ao serviço da minha comunidade. Fazer as pazes com os nossos pais, com os nossos avós, com os nossos tios. Fazer as pazes com todos os modelos de amor que tivemos na nossa infância. Porquê? O porquê é vazio. Vamos ao “para quê?” Para conseguirmos ser empáticos, solidários, altruístas, e assim honrarmos a energia do nosso coração, temos de saber que os nossos ancestrais deram a vida por nós, os nossos ancestrais fizeram o que estava ao alcance deles. Porventura não nos reconhecemos em alguns desses modelos, pois bem, esse reconhecimento será profundamente essencial, pois quando sei com o que não me identifico a minha responsabilidade cresce. Quanto maior é a minha consciência, independentemente da área que esteja em estudo, maior será também a minha responsabilidade.

Devemos treinar o nosso coração por forma a que ele seja efetivamente a nossa bússola, mas o coração é mestre em reconhecer se estamos conscientes, confiantes, centrados em nós. Não o enganamos, não lhe fazemos nenhuma finta, nem mandamos areia para os olhos. O nosso coração está de mãos dadas com a nossa alma. O nosso propósito maior, desculpem, não é sermos felizes. Também não é vivermos em sofrimento. É, porventura, o equilíbrio que precisarei, entre os momentos de pura felicidade e profunda dor, para evoluir. Desafiar a minha fé, desafiar os meus limites, desafiar as minhas crenças, desafiar tudo o que os meus olhos veem. Quando fechamos os olhos e levamos a mão ao coração, aquecemos. Somos pura energia, somos amor ambulante.

Astrologicamente o coração é simbolizado pelo Sol, no signo de leão. Conseguimos sentir a força do leão? Conseguimos pois. Leão, que nos remete para a nossa criança interior, só nos pede autenticidade, espontaneidade, verdade, alegria. Então, quando a tristeza nos está a acompanhar há demasiado tempo devemos conectarmos com esta energia de leão, com a nossa criança. Devemos rugir bem alto e libertarmo-nos de todos os grilhões que nos condicionam os movimentos mais genuínos. 

Confio que o único treino possível, para o coração, é dar-lhe colo, como se de um recém-nascido de tratasse. Expressar os meus dons, estar em contacto com a natureza, abraçar muito, verbalizar palavras que representem efetivamente como nos sentimos (ao invés de serem palavras que vão apenas agradar o receptor).

Sinto o amor, como a fé. Não consigo verbalizar pois é um sentir. É uma casa. É um lugar que escolho habitar.

Soraia Sequeira
Quem acolheres ser, serás.


Nos dias em que comunicamos sobre amor, amor próprio, amor de mãe, de filha, de amiga, de avó… houve uma questão que nos surgiu: “Como podemos e devemos treinar o nosso coração para podermos amar mais os outros?”

Para cada dia, uma parte de nós. mas vivendo sempre & todos os dias com tudo o que nos cabe! 

Convidamos a Soraia Sequeira, Heart Coach, e nossa seguidora, para nos responder a esta questão!

A Soraia diz-nos que amar faz parte do nosso propósito e que este, apesar de muitas vezes nos parecer angustiante, não o tem de ser.
Este é também um lifestyle que ensina a todos a pôr em prática.

A nossa sugestão hoje é que tenhas paciência com o teu processo. Que tu te acolhas por seres uma pessoa que procura conhecer-se, e olha, isso não é coisa pouca! Tu podias estar de olhos fechados para te descobrires e te desenvolveres, mas escolheste estar aqui, a procurar conhecimento. E para nós é uma honra ajudar nessa construção.

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